quinta-feira, 25 de setembro de 2014

História do Papel Machê ou Papier Mâché!

Fui pesquisar na WEB para descobrir se o que eu sabia estava em comum acordo e descobrir mais material pra mostrar. O que eu sabia todos já sabiam, mas descobri uma novidade e resolvi compartilhar... Vamos a ela...

Caixa francesa de 1880

A História do Papier Mâché e 

Sua rica utilização pelo mundo...



A palavra vem do francês papier mâché, que significa papel mastigado, pois consideram que a França foi o primeiro país a divulgar a técnica criando objetos de decoração e por este motivo este nome é utilizado em muitos países, assim mesmo sem tradução. É este termos que vou me referir daqui pra frente para facilitar as traduções e o reconhecimento da técnica.

A história do Papier Mâché se confunde com a história do papel, que foi inventado na China antiga durante a dinastia Han (206 aC - 220 dC) pois foram encontrados exemplares desses objetos que datam desta mesma época. 

O papel era picado e misturado com uma cola para fazer uma pasta que era utilizada para adornar capacetes e escudos, modelar utensílios de decoração, tais como caixas para guardar pergaminhos e documentos, bandejas, bonecas, etc...  

Capacetes kawari kabuto. Abaixo, o papier mâché coberto com verniz para a elaborada concha que adorna o capacete de ferro.  Século 17. Em Mueller Museum, Dallas (Texas)  E a seguir, adorno de papier mâché representando um animal sobre armação de madeira e ferro. 

Curiosidade: dizem que O Kabuto, foi a inspiração para o capacete  Stahlhelm alemão, e o capacete de Darth Vader nos filmes de Star Wars.

Isso é o que bomba na WEB! Até aqui eu já sabia...

Porém, o que pouca gente sabe, é que no Egito antigo uma espécie de papier mâché era utilizado para fazer as máscaras mortuárias e sarcófagos. SIM! Os sarcófagos eram feitos com uma técnica chamada de cartonagem, que consistia em sobrepor camadas de linho ou papiro intercalados com um tipo de cola e gesso.

É possível que os chineses tenham evoluído a técnica e substituído o papiro e o linho pelo papel que era feito a partir dessas duas fibras. 

Essa é a famosa máscara mortuária de Tutankhamon que governou entre 1332–1323 DC
O que de fato podemos afirmar sobre a história, é que foram os chineses que espalharam a técnica pelo oriente e os franceses pelo ocidente.


No século 18 comunidades alemãs, juntamente com cidades da França, começaram a incluir o papel na pasta de  cerâmica e gesso para dar mais resistência às bonecas, depois essa massa foi substituída por papier mâché. Por volta de 1870 o papier mâché começou a ser usado para fazer corpos articulados de bonecas que foram usados ​​até o século 20.

Boneca  de Ludwig Greiner 1958 (fabricante de bonecas)


Por volta de 1725 na Europa, papier-mâché começou a aparecer como uma alternativa de baixo custo aos dourados na decoração em substituição ao gesso e a madeira esculpida em arquiteturas internas, móveis e objetos de decoração.

Detalhe dourado de papel machê aplicado a um porta-retrato Inglês
















   


Cadeira Vitoriana em Papier Mâché do ano de aproximadamente 1850

No século XIX começaram a fazer barcos  de papel mâché. Existiam fábricas! A mais famosa era a Waters & Sons of Troy, New York. 

O papel naquela época era muito mais resistente e fibroso e em camadas com cola e muitas camadas de verniz para impermeabilizar tornavam o barco resistente à água, o que agora fazemos com a fibra de vidro. O mais famoso deles foi a canoa "Maria Theresa", usado por Nathaniel Holmes Bisshop para viajar de Nova York para a Flórida em 1874-1875. Um relato de suas viagens foi publicado no livro "Voyage of the Canoa de Papel".

Maria Theresa – canoa de papier mâché     

Painéis de papier mâché foram utilizados no final do século 19 e início do século 20 para produzir cúpulas utilizadas nos observatórios astronômicos. As primeiras foram feitas pelo mesmo fabricante dos barcos de papel, Waters & Sons. As cúpulas utilizadas nos observatórios precisavam ser leves, de modo que pudessem girar facilmente para posicionar a abertura telescópio em qualquer direção, e grande o suficiente para que ele pudesse cobrir grandes telescópios em uso no momento. Olha o papier mâché aí gente!!!!

O projétil Schenkl, usado na guerra civil americana, possuía um estojo de papier-mâché. 

Como eu não fazia ideia do que era isso fui pesquisar e trouxe fotos pra mostrar o que é:
.












À esquerda o que sobrou de um estojo de papier mâché, disparado do projétil Schemkl da guerra civil americana
À direita fotos da bala original com e sem o estojo de papier mâché, encontrados hoje apenas em museus e antiquários.

As famosas sapatilhas de balé da Romênia e Rússia são feitas de papel mâché cobertas com cetim.

Sapatilha feita com camadas de cetim, Papier Mâché, papelão reforçado e couro
As máscaras de papier mâché do carnaval de Veneza surgiram a partir da tradição do século XVI, onde a nobreza se disfarçava para sair e misturar-se com o povo.

Até hoje são utilizadas pelos foliões locais e são um souvenir perfeito para os turistas.

Máscaras atuais ainda em venda em Veneza
Aqui no Brasil o papier mâché é muito utilizado para fazer as cabeças do Bumba Meu Boi e também os bonecos gigantes do carnaval de Olinda que retratam pessoas famosas.

Imagens do Bumba Meu Boi ou Boi Bumbá
Os bonecos gigantes de Olinda
























Com a tomada de consciência ecológica e a redescoberta da versatilidade do Papier mâché, ele vem se tornando indispensável no nosso dia a dia para reaproveitar, peças quebradas ou reciclar material descartado que seria encaminhado aos lixões.


Mesas, cadeiras, luminárias, brinquedos, utensílios de decoração e toda a sorte de artefatos que a imaginação puder criar faz do papier mâché um material magico, fantástico e utilíssimo aos dias de hoje.

Abaixo alguns exemplos:

O gato espreguiçando foi feito utilizando jornal amassado, cola e massa de papier mâché
Os abajures foram feitos com copos, embalagem de requeijão, gafaras de iogurte cobertos pela massa de papier mâché. Depois foram acrescentadas a cúpula e a parte elétrica


















 








Essas pulseiras ou braceletes, como gosto de chamar, são feitas apenas com a massa massa de papier mâché utilizando formas





Espero que você tenha gostado. 

No próximo post vou mostrar os diversos tipos de papel e alguns e utensílios utilizados. 

Também vou mostrar como se faz a massa de papier mâché. Com a receita mais-que-super-testada! Tudo com fotos passo a passo.


E seguindo a série, na terceira postagem vamos fazer a nossa primeira peça: Uma máscara!